domingo, 19 de junho de 2011

Sou, sou assim mesmo. Vivo pra estourar a cabeça dos outros com minhas verdades completas e meus espinhos. Machuco todo mundo, mas deixo que todam possam ver quem eu sou. Nojenta, feia, chego a ser suja por dentro; mas todo mundo sabe. É importante que você saiba que eu costumo machucar os outros, mas não porque quero. É meu natural falar as verdades que descem secas guela abaixo. E não que eu tenha poder sobre você, ou sobre sua vida, não. Mas eu tenho poder sobre mim. Eu sei das coisas que sou capaz de fazer pra te defender; e por mais que você não entenda agora, uma hora vai fazer sentido. Eu posso te ajudar agora, e estendi minha mão por várias vezes. Mas você tem ignorado qualquer tipo de ajuda porque você esta viciado numa droga que acredita te fazer bem. Não se pode ajudar uma pessoa que não quer ajuda. Então vou te deixar cair e vou limpar os machucados. Vou te deixar aprender, porque uma cicatriz é mais forte do que qualquer conselho que eu possa te dar. E com o gosto amargo de insuportável que tenho, vou te falar " Eu te avisei ".

terça-feira, 14 de junho de 2011

Perdão.


É isso que acontece, quando te deixo ver meu verdadeiro eu. Me dispo de todas as máscaras e você entende que eu não sou nada mais do que uma pessoa meio estranha, meio deslocada; mas boa. Eu desejo o bem, eu quero o bem. Eu tenho sorrir, eu tento ajudar. Ajudar todo mundo. E aí que chegamos ao ponto em que te decepciono. Você quis tanto saber como eu realmente era e eu deixei você ver. Você quis provar pra todo mundo que eu não era aquilo, cheio de espinhos, e mostrou. E aí eu te arranhei. Te mostrei como eu posso ser mais profunda, ainda. Quando pude, não te escolhi. Desculpa. Me perdoa por isso. Sei que isso de pedir desculpas é coisa sua, porque não sinto remorso, e tudo mais. Você sabe que eu me sinto culpada agora, não sabe? Pois é. Perdão essas mentiras, essas atitudes. Desculpa se magoei, e desculpa, se você acha isso tudo muito desnecessário e bobo. É importante pra mim falar tudo isso. Falar, não. Fui incapaz de falar olhando nos teus olhos. Desculpa se escrever isso, for bobo. É importante pra mim. Eu sinto culpa, me sinto envergonhada. Me perdoa também, se eu sumir por um tempo; preciso disso, agora. Hoje, todas as vezes que você suspeitou que eu chorava, era verdade. A desculpa de sentir sono não é eficaz, mas você é muito inocente pra perceber. Quando menos reparava, meus olhos falavam por mim. Gritavam, por mim. Me desculpa, de novo e mais uma vez.  

domingo, 12 de junho de 2011

- Porque; quando você chaga num lugar assim, é quase... quase, nada. É impossível não agradecer a Deus pelas maravilhas feitas. É impossível não gastar dez minutos do dia só pra rezar baixinho, falando 'Puta merda, Deus... Muito, muito obrigada'. 
- Eu já tenho feito isso. A muito tempo, tenho feito isso. Cheguei aqui a muito, e nunca mais quis sair. Não tenho saudade alguma... Só agradeço por estar aqui. 
Fechamos os olhos e sorrimos, provavelmente agradecendo, mais uma vez. 

terça-feira, 7 de junho de 2011

Foi crescer.

Assim que ela me viu, largou as malas e veio ao meu encontro. Me abraçou como se fosse a alguns anos atras, em que ela estava realmente disposta a ter minha companhia. Ela era naquele momento a amiga que eu conhecia. Assim que olhou nos meus olhos, respirei fundo e engoli o choro. Precisava da minha fala inteira, sem oscilações ou soluços.
- Antes que você suba nesse ônibus, eu preciso falar um milhão de coisas pra você. Eu sabia que você não ia ter tempo de escutar, mas ó, eu escrevi. Olha que irônico, eu escrevi. Lê, mas só quando você estiver longe daqui. Longe o bastante pra não poder desistir de ter ido.
- Desculpa não ter vindo mais cedo... Seja o que for, eu posso ficar e cuidar de você. Você sabe, não é?
- Não... Não pode, não. Eu testei. Por todos esses últimos meses eu precisei de alguém pra cuidar da falta que você fez. Você não cuidou. Você nem viu a ferida. Ninguém viu, ninguém curou. Mas não faz mal, não. Meu corpo tratou de fazer a casquinha... Casquinha que você não vai arrancar, não. Mas lê. Vai me fazer um bem saber que pela última vez você vai escutar meus problemas. E responde, se puder. Não com conselhos e ajuda. Mas pra falar da tua vida, ta?
Ela chorou, chorou, chorou. Me abraçou e cogitou mil vezes ficar. Mas eu a coloquei naquele ônibus, fiz com que ela sentasse na cadeira e arrumei suas malas acima de sua cabeça. E lhe beijei o olho esquerdo. Só pra ela entender que eu não a odiava. Na verdade, eu a amava tanto que quis que ela fosse. E ela foi. Teimosa do jeito que era, abriu a carta assim que desci, mas ela não parou, não. Não voltou, nem nunca respondeu. Não sei porque, mas ela nunca mandou carta. Foto. Recado. Telegrama. Nem cartão-postal. Já sabia. Tinha acabado muito antes daquela despedida. A rodoviária foi um capítulo não-escrito. Uma coisa que não aconteceu.


"Acabei de fechar o celular. Estava fora de área. Já faz cinco dias que ele esta assim. Você esta fugindo de mim? Claro que não. Minha melhor amiga não precisa disso. Qualquer problema, ela falaria comigo. Todos as noites vou escovar os dentes, me encaro no espelho e recito essas palavras pra mim mesma. No outro dia você atendeu, e eu fiquei tão feliz. Contei das minhas férias, e do quanto teria sido melhor com você por perto. Fiz coisas meio loucas naquele mar. Me apaixonei por redes na varanda, quero comprar uma pra nossa casa. Lembra que prometemos que iríamos morar juntas? Então, eu posso ter uma rede? Se for problema, eu desisto. Mas quero morar com você, ainda. Depois de quase duas horas no telefone, eu precisava dormir, e dormi como um anjo. Sabia que tudo estava bem, e que no outro dia mataríamos aula pra comprar chocolate. Mas você nem olhou direito pra mim. Sorriu forçado no começo da aula, e bem no final você encostou no meu ombro e falou que seria bom se comprássemos chocolate um dia desses. Que eu só precisava esperar sua vida acalmar, porque estava tudo uma loucura. Aí eu reparei que eu já não fazia parte da sua vida. Da sua loucura. Você nem me contou que sua vida estava assim. Você nem desabafou, nem pediu conselhos. Se for os estudos, me chama; eu posso te ajudar. Mas você não quis contar do que se tratava. Porque eu não estava mais nesses planos. Acho que esse é o problema das amigas de infância. Elas seguem toda uma vida na mesma ingenuidade, acreditando nas mesmas coisas. Eu acreditava em você, sabe? Você me prometeu várias coisinhas quando tínhamos 12 anos, e eu levei a serio. Eu cumpri todas as minhas promessas, também. Mas eu não contava com não contar com você. Não contava com uma mudança de planos. Não contava com a sua mudança. Achei que estaríamos ali, pra sempre, como as melhores amigas que poderíamos ser. Mas não foi assim, não. Te perdi num canto que não consigo buscar. Aí eu parei de correr atras. Eu sei o quanto você se irrita com pessoas insistentes. E mantive a fé que você voltaria. Depois de uns dias você me liga, falando que vai morar longe. Que vai embora. E pior, que vai embora porque quer. Porque decidiu crescer. Custava crescer, comigo? Falou que vai embora em alguns dias. Que vai dizer adeus. Que não vai mais me ver todos os dias, que não vai ter abraço, não vai ter riso. Eu não me importava com essa distância, não. Coisas verdadeiras se mantêm, sabe? Mas eu já sabia que não era real. Nosso único laço era que dividíamos do mesmo espaço geográfico. Eu ainda podia te forçar a me ver todos os dias. Mas e agora, como vai ser? Não vai ser. Aí você marcou de me ver na rodoviária as três. Seu ônibus sai as seis, e nós podíamos ficar todo esse tempo comendo chocolate. Tenho a impressão que você vai se atrasar e vai chegar aqui, um pouco antes do ônibus sair. Mas eu comprei chocolate. Esta junto da carta. Come sozinha, se lambuza. Vou comprar uma barra pra mim aqui, também. Mas era só isso, meu bem. Só queria te mostrar de como eu vi tudo isso, e como doeu. Mas olha, você falou que vai embora pra crescer. Quero que você cresca, viu? Cresça muito, e que se torne uma pessoa incrível. Mas olha, quando puder, sem compromisso, sem pressa, vem me ver crescer, também? Quando você já for bem crescida, volta pra me ver? Só pra comer chocolate. Vai com Deus, boa viagem. Te guardo sempre aqui, meu bem. E te amo, viu? Sem tamanhos, sem limites. "

sábado, 4 de junho de 2011

Não passa

Fica aqui dentro, firme. Forte, não, porque é um pequeno e fino fio, quase nada. Não dá nem pra ver. Mas da pra sentir. Se move, faz barulho, marca presença. O descobri agora a pouco, quando perguntava 'quem?' ironicamente, quando falavam do seu nome. Quando gritava pro mundo minha eterna felicidade por não ter você. Quando passei a beijar outras bocas e reparar que realmente, beijo encaixa. Quando começei a ignorar tudo e olhar pros lados. Enquanto você ficava na minha frente. Focava naqueles papeis por cima da mesa, nas lágrimas da amiga, nas reclamações da mamãe. Eu só não olhava pra você. Não diretamente. Mas no meio dos meus papeis tinha sua última carta. Nas lágrimas da minha amiga continham toda a minha dor. Nas palavras da minha mãe ela dizia tudo que eu queria falar pra você. Até reparar que quanto mais eu ignorava, mas eu voltava. Ser humano é assim. Quando você diz que não gostem que te cutuquem, é quando vão pressionar o dedo contra sua pele contínuas vezes. Quando você diz que não vai procurar e vai esquecer que você procura cada passo, cada rastro. Sua vó já dizia, quem procura, acha. E quando você acha, você chora. E fiquei assim, entre a cruz e a espada. Se te ignorava, você voltava automaticamente. Se te encarava, entrava em depressão. Se não ocupo meus pensamentos com coisas que indiretamente me levam a você, penso em você, diretamente. É quando a gente deita a cabeça no travesseiro e se cala. Nem precisa chorar, não. É uma dor pequena demais pra chorar. Mas é insistente. Você começa a pensar, pensar, pensar e conclui, todas as noites uma nova causa, um novo porque e um novo 'se'. Todo mundo diz que você não valia a pena, não vale e não valerá. Nem pago pra ver. Mas é bom pensar. As vezes dói mais e eu faço a única coisa que ainda resta: rezar. Peço a Deus baixinho, pra não assustar - "Leve ele daqui, leva? Tira ele do meu coração?" - Peço pra ele um pouquinho de justiça e que se pelo menos ele não te arranque daqui, me leve um pouquinho pra ai, também. Não quero um novo amor, uma nova companhia. Não quero essas babações de fim de tarde, filme, chocolate quente. Não é revolta, não. Eu tenho certeza que vou amar outra pessoa na vida. Claro que vou. Mas é que eu gosto do que eu me lembro, da pessoa que você foi. Gosto do nosso amor, que nunca morreu. Essa dor é só minha, e não quero dividí-la, diminuí-la ou aumentá-la, de forma alguma. Você nunca entenderia, então eu guardo ela aqui, comigo. E por mais que eu ande radiante por aí e já nem fale mais seu nome, por mais que eu dançe e sorria muito por todos esses corredores; Calada e pensativa eu sou as rachaduras do espelho, que por mais que tenha se reconstruído, é possível ver as malditas, malditas rachaduras. É você quem movimenta isso aqui, senhor. Quando você quiser mudar sua imagem, venha e mude. Só não me forçe a voltar a de antes, isso eu não consigo mais. As rachaduras são as lembranças, você sabe bem quando as fez. Como na frase lida: Vou amar o amor da minha vida pra sempre. Mas foda-se esse amor. Te amo, mas não te preciso. Não te quero e não lamento por não te ter. Hoje vivo até bem, e quem diria; sem você.