domingo, 15 de novembro de 2020

O jeito como vão embora diz tudo

 Não preciso nem dizer que não importa como esse relacionamento foi, o que importa é como a pessoa saiu da sua vida. Por que  a pessoa que é maldosa no momento da partida geralmente é cruel durante todo o relacionamento. Ninguém finge por tanto tempo. Uma hora ou outra ela mostra as garras.

Hoje fazem oito meses que aguardo uma conversa sobre o fim do meu último relacionamento. Friamente, numa conversa online, li: "Mas, entendendo o tamanho do seu incômodo, vamos conduzir numa relação com uma amizade? Pelo menos até nos encontrarmos pessoalmente e conversarmos?". E assim, me responsabilizando por tuas decisões, fui fadada a solidão e pelo descaso de nem saber os motivos da sua partida.

Junto diariamente peçinhas do meu quebra-cabeça a entender seu tchau. 

Seus defendores poderiam dizer... "Calma, ela ainda não esta pronta para essa conversa. Calma, esse diálogo ainda vai acontecer". Mas sabe de uma coisa? Você já voltou para minha vida. Você já faz seu discurso de amizade diariamante. Você já virou a página. 

Como um diretor de filme, você deixou que minha critatividade estruturasse o final dessa trama. Eu que preencha as lacunas com o que me confortar. Sua vida que segue sem uma consequencia sequer. 

O jeito como você foi embora
Disse tudo
Sobre você.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Exposição

Na medida em que as fases internas se modificam e amadurecem, eu vou mudando meus discursos também. É um processo, como eu costumo falar. Hoje esse processo me levou aos bons e ensolarados momentos. 

Sinto saudade de tudo. Saudade de falar com você, sentir você, abraçar você, dormir com você, escutar sua voz, elogiar seu cabelo ou suas pernas, fazer amor com você... Mas hoje o que eu mais sinto falta é do seu cheiro. O cheiro doce que sua pele tem. E do seu perfume. E do cheiro do seu cabelo. Hoje eu queria sentir seu cheiro.E queria falar, também. 

Falar sobre minha cobrança pra que você se comunique: Me desculpa por isso. Logo eu que me achava tão empática falhei em não me ver aos seus olhos. Fiquei imaginando como você esta lidando com tudo isso. Como me vê, do que deve sentir falta e o que te machuca. Tenho vivido essas últimas semanas destilando minha raiva e saudade pra lidar com esse vazio, mas você não esta destilando nada. Você nunca se comunica, mas isso não quer dizer que não sinta.

Então, me desculpa? Por te cobrar tanto. Por pedir que você fale quando não esta pronta. Por te fazer sentir coisas e guardar pra si. 

Eu entendo agora quando  você falava de exposição. Eu me exponho de uma forma que eu não sou. Eu verbalizo coisas que não sinto e eu digo que farei coisas que não vou fazer. Então eu apaguei essas mentiras. Te peço que apague também. Deixei só aquilo que é real, que é meu e aquilo que não pode te ferir. 

Aqui vão verdades sem necessidade de exposição e quero que você confie mais nelas do que em qualquer outra falácia que você leu por ai: você me inspira pessoalmente; eu ainda sinto muito sua falta; você tem um cheirinho delicioso; tenho fortes sentimentos e muita esperança em nós; mas meus pés estão definitivamente no chão. 

Ficarei bem da forma que couber. Agora eu cuido de mim. E te liberto pra que você cuide de você. Não precisa deixar de viver ou postar ou se policiar. Não precisa se preocupar com o que eu vou achar. Eu te acho incrível e ponto. Sei que somos humanos e esta tudo bem. Pode guardar ou pode ser expor: mas faz por você. Ninguém deveria te forçar a nada e agora estamos livres.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Você faz falta?

Conheci ela no trabalho. É louco porque eu anunciei que ela seria promovida. Liguei para pedir alguns documentos e a parabenizei. Ela agradeceu e desligamos. E a gente não se falou por uns sete meses. Sem nem saber que ela era o amor da minha vida, desliguei o telefone. 

Fui enviada pro mesmo andar que ela trabalhava. Um dia ela ligou confusa, precisava de ajuda em uma demanda específica. Procurei seu rosto entre os monitores, mas não encontrei. Os olhos  encarando o computador, deixavam claro que ela não fazia ideia do que estava fazendo. 

Passamos de colegas de trabalho à amigas em salas de reunião, comentando coisas em redes sociais até dividirmos a mesma garrafa de vinho e a mesma vida. Começamos a namorar quando ela tinha 28 e eu 23, mas parecia que a vida começava ali. Assistimos todos os filmes nacionais no cinema. Comemos todos os tipos de sushi. Queimamos algumas panelas de comida porque a conversa tava boa. Compramos viagens sem checar se era casamento de alguém. Fomos promovidas, formamos na faculdade, compartilhamos nossos melhores amigos. Das dez músicas que eu mais gosto, sete foi ela que me mostrou. Todas são MPB. Aprendi tudo sobre como mulheres engenheiras são sexys quando estão organizando minha agenda porque eu não tenho raciocínio lógico coerente pra fazer sozinha. Eu ri de todos vocês de não terem a sorte de serem namorada dela. 

Um dia, terminamos. E não foi fácil. Chorei mais do que no final de "A espera de um milagre". Mais do que "O milagre da cela 7". Até hoje, não tem um lugar que eu vá em que alguém não diga, em algum momento: cadê ela? Acredite: eu me pergunto isso a cada minuto também. Pra sempre você vai fazer falta. Se ao menos a gente tivesse tido uma filha, eu penso. Ela falaria que ia comer chicória, teria cabelo cacheado e seu tom de pele.

Essa semana, pela primeira vez, revi tudo. Nossas fotos, conversas, presentes, cartinhas. Achei que fosse chorar de novo. E o que me deu foi uma felicidade danada de ter vivido um grande amor na vida. Saudável. Leve. As vezes, raso demais, por ser um amor cauteloso. Me senti cuidada e segura a cada segundo contigo. E ter esse amor guardado em cada cartinha e memória, me fez concluir que: Não, não falta nada.

segunda-feira, 23 de março de 2020

São 8 dias para o fim do mês

Você sempre estraga datas importantes: meu aniversário de vinte e quatro anos ou nascimento da minha sobrinha. Tem seus momentos de introspeção e que "não dá conta de lidar comigo" naquele instante. Por ano, devem ter umas cinco datas importantes. Coincidentemente você não consegue lidar comigo exatamente  nesses cinco dias.

Hoje eu queria alguma resposta ou um maltrato. Queria qualquer reação pra me nortear nos outros trazentos e sessenta dias que você esta ótima. E não escutei uma sílaba. É claro. Hoje era o segundo dia importante do ano pra mim. Coincidência de novo.

Até que me permiti sair da crise de ansiedade - que a psicóloga que você odeia me ensinou a domar - e coloquei a cabeça pra fora d'água.

Você não deve saber - porque se recusa a fazer terapia - mas aquilo que nos incomoda no outro está dentro da gente. Hoje eu não só escutei essa frase como entendi. 
Eu não aguardei sua resposta nas últimas 24 horas. Eu aguardei sua resposta nos últimos dois anos.

E você SEMPRE me respondeu. Eu só não queria escutar. 
Não mandar mensagem é uma mensagem.
Silêncio é comunicação.
Mal trato é resposta. 
Frieza é fala.

Me desculpe te forçar por tanto tempo a verbalizar com palavras aquilo que você ja respondia ha tempo tempo... com você. E sua personalidade. 

Você é muito fácil de ler. É só ler a epígrafe. O histórico sempre esteve lá. Você sempre deixou seus passos transparentes e visíveis. Todo mundo que te amou sabe o fim da história. É só olhar o último jogador. Você é constante e estável. A história sempre se repete. Eu já conheço o final dessa história. Ela acabou hoje.

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Passageiro, mas não acaba nunca

Agacha na altura dos olhos quando conversa com crianças.
Ama café mas nunca toma nenhum.

Sempre acerta no presente.
É uma ótima dançarina.
Não é estabanada. 
É a melhor motorista que eu conheço.
Incrivelmente limpa e organizada.
Não cozinha tão bem quanto pensa. Mas acho um charme.
Chora em filmes, casamentos, brigas, enterros ou com absolutamente nada acontecendo.
Ama cuidar. Não faz por obrigação, mas simplesmente por amar acordar de madrugada, checar febre, dar remédio, fazer comida e de dedicar ao cuidado do outro.
Nunca sabe o que quer mas está sempre realizada em tudo o que faz.
Deixa os outros sempre muito a vontade.

domingo, 15 de setembro de 2019

O significado de Vanessa é borboleta. Da lagarta à liberdade, eu sou o casulo.

Tenho saudade da garota que não vinha aqui desabafar.
Você sabe e eu sei e todo mundo sabe que eu choro em palavras. 
Vir aqui é meu atestado de crise. Coloquem os cintos, pois estamos em uma.

Meses ignorando os sintomas e sinais, na esperança que fossem passageiros.
Mas as coisas simples passam a ser coisas dolorosas e densas demais, e todos começam a perceber. 

Reunimos toda energia para entrar em uma conversa ou responder provocações com o humor esperado, mas as vezes falhamos e desabamos em público, sem força alguma para se reerguer.
O interessante é que não falta apenas energia para se reestabelecer, mas falta interesse em estar bem. Realmente não quero estar feliz novamente, pois será frustrante sentir essa felicidade reduzida, sentir que não será possivel ser tão feliz como pude um dia, e entender que nunca mais estarei no meu máximo potencial. Não quero viver de nenhuma migalha.

E continuo fazendo o que tenho que fazer. Me apresento no trabalho todos os dias, sorrio para os clientes e acaricio a cabeça da minha namorada. Jogo papo pro ar com meus familiares e tomo uma cerveja com meu pai aos finais de semana. No fundo, uma voz tilintando em minha cabeça, pedindo que aquele dia não necessariamente termine bem, mas que simplesmente termine. 

Quando me deito, estou terrivelmente cansada e meu sono que antes me consumia oito horas noturnas, pode se estender até quatorze. Agora eu durmo muito pra estar ausente o tempo todo. E como pouco porque o vazio é impreenchível. Os dias vão em câmera lenta, e, honestamente, eu não sei a diferença de quinta para um domingo. São todos iguais.

E vai se tornando mais difícil, meus amigos não me encontram, minha família não consegue mais estabelecer contato, e eu me condeno a conviver apenas comigo mesma por mais algumas semanas até isolar todos completamente.

Não é triste e nem solitário. É vergonhoso. A maior parte do tempo, tenho vergonha do que faço e do que não faço. Morro de culpa e quero pedir desculpas a todos vocês, mesmo que nada tenha acontecido. Me perdoe por isso também. 

Devido a minha total falta de proposito há um imenso abismo entre nós. Agora você já sabe disso e por fim desistiu de estabelecer contato. Eu não estou aberta a nenhuma aproximação. E esta tudo bem. Não consigo acumular energia pra isso, também. Vou te deixar passar.

Minha cartada final é procurar ajuda, pois dessa vez não consegui sair da crise sozinha. Na verdade, alguma vez eu sai?
Espero que você procure ajuda também. Vai ser doloroso essa vida sem mim.


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Barulho na tranca, alguém abre a porta.

- Quem esta ai?
- Oi! Sou eu, o Edu! Você ainda esta aqui?
- Sim.
- Cara, já fazem meses! Eu vim pra mostrar o apê pro novo inquilino.
- Eu sei... é que... eu não consigo fazer a mudança. As caixas ainda estão por aqui... em algum lugar.
- Como você consegue morar no meio dessa bagunça?
- Sei lá. Fui ficando. É minha bagunça agora.
- Já foi nossa bagunça.
- É.
(Silêncio)
- Eu preciso liberar pro novo inquilino.
- Você não quer que eu arrume a bagunça? Eu posso ficar mais alguns dias, você pode me ajudar e vamos organi...
- Carlos, não. 
- Por que não?
- Eu demorei a encontrar esse novo inquilino. Ele não vai querer ver um antigo morador aqui. Você precisa ir.
- Quanto ele vai pagar? Eu quero negociar contigo.
- Não tem negociação. A chave já esta com ele.
- Mas você nem me deixa tentar, Edu. A gente pode organizar nossa bagunça!
- Sua bagunça.
- É... minha.
- Essa bagunça agora é do novo inquilino, Carlos. Deixa ai, vamos embora.
- Mas Edu....
- Vamos.

A porta se fecha. Portas trancadas. O espaço enfim esta vazio. Bagunçado, mas vazio.

- Então é isso? Cada um pro seu canto?
- Sim, Carlos. Tchau.
- Tchau.
(Silêncio)

- Edu?!
- Oi.
- Você sabe que eu sou o proprietário, né?
- Sei.