segunda-feira, 8 de julho de 2019

Barulho na tranca, alguém abre a porta.

- Quem esta ai?
- Oi! Sou eu, o Edu! Você ainda esta aqui?
- Sim.
- Cara, já fazem meses! Eu vim pra mostrar o apê pro novo inquilino.
- Eu sei... é que... eu não consigo fazer a mudança. As caixas ainda estão por aqui... em algum lugar.
- Como você consegue morar no meio dessa bagunça?
- Sei lá. Fui ficando. É minha bagunça agora.
- Já foi nossa bagunça.
- É.
(Silêncio)
- Eu preciso liberar pro novo inquilino.
- Você não quer que eu arrume a bagunça? Eu posso ficar mais alguns dias, você pode me ajudar e vamos organi...
- Carlos, não. 
- Por que não?
- Eu demorei a encontrar esse novo inquilino. Ele não vai querer ver um antigo morador aqui. Você precisa ir.
- Quanto ele vai pagar? Eu quero negociar contigo.
- Não tem negociação. A chave já esta com ele.
- Mas você nem me deixa tentar, Edu. A gente pode organizar nossa bagunça!
- Sua bagunça.
- É... minha.
- Essa bagunça agora é do novo inquilino, Carlos. Deixa ai, vamos embora.
- Mas Edu....
- Vamos.

A porta se fecha. Portas trancadas. O espaço enfim esta vazio. Bagunçado, mas vazio.

- Então é isso? Cada um pro seu canto?
- Sim, Carlos. Tchau.
- Tchau.
(Silêncio)

- Edu?!
- Oi.
- Você sabe que eu sou o proprietário, né?
- Sei.