quinta-feira, 20 de novembro de 2014

To com saudade dele

Verdade, verdade é que ta foda. Descobri que o amor da minha vida encontrou o amor da vida dele. Puta que pariu. É claro que eu sabia das possibilidades. As probabilidades eram claras: Se ele não esta com você, uma hora estará com outra. Mas vocês sabem como funciona a esperança... Se ele ainda não está com ninguém, é porque em algum lugar, com alguma explicação exotérica, onde os cosmos de alinham esta marcado. Ele esta destinado a me encontrar no fim da estrada. É porque ele irá se casar comigo. Entrei de cabeça nas comédias românticas Hollywoodianas e me ferrei.

Não tem cosmo, não tem destino, não tem coincidências. O amor da minha vida já comprou as alianças douradas, vai se casar com uma mulher que eu sequer consigo odiar. Ela faz medicina. Faz trabalho voluntário. É loira e peituda. Sorriso brilhante. Melhor amiga da minha sogra. Digo... Ex-sogra. Era a mulher que eu inocentemente desejei que ele encontrasse quando terminamos. Sabendo que no inconsciente eu queria mesmo era que ele me encontrasse. Eu, com minha barriguinha de cerveja, cabeleira castanha, dente amarelado de café e inimiga da sogra.

Trinquei os dentes e embalei um sorrisão. Minha amiga já me puxou pro canto e avisou “Esquece de vez. Ele vai casar”. É. Parece que vai, mesmo. O que fazer? Já escutei Caetano, fui na cartomante, joguei búzios e tarô. Fiz psicanálise. Nem Freud suportou. As gavetas já estão vazias há quatro anos. O coração foi preenchido quatro vezes. Viajei os quatro cantos do mundo. E ele vai se casar dia quatro do mês que vem.

E eu vou lembrar o quanto ele gostava quando eu ficava de quatro, de quando ele despedia três vezes, fechava a porta e voltava de novo, pra despedir pela quarta vez. Vou me lembrar de quando ele contava das três ex-namoradas, e de como, agora, eu sou a quarta. Dos nossos quatro filhos. Vou me lembrar de quando planejamos que nosso quarto não teria cama, nem armário, nem nada. Só um colchão. Nosso amor surrado que ia ficar guardado dentro de quartinho de um apê de dois quartos, geladeira vazia e coração cheio.

O destino não trouxe meu amor de volta. O destino levou o amor da minha vida pro amor da vida dele.  E não tem nada que eu possa fazer. Não tem música ou lugar que caiba meu coração. Não tem ombro amigo nem ninguém que me faça esquecer os quatro anos com o amor da minha vida que agora tem o amor da vida dele, quatro anos depois.

Há oito anos eu conheci o amor da minha vida, mas esse oito não foi infinito pra nós. É pra mim. Infinitamente infinito o amor da minha vida.


Verdade, verdade, é que ta foda. Tô com saudade dele.